terça-feira, 28 de agosto de 2012
Com 30 anos de história, VW Voyage vira carro de coleção
Dono consegue placa preta para modelo 1981 com 99,5% de originalidade.
Sedã atrai pelas linhas simples e por fazer “parte da vida de muita gente”.
O Volkswagen Voyage acaba de passar por sua primeira mudança significativa desde que chegou à segunda geração, em 2008. Trata-se da renovação de meia-idade, antes que uma nova transformação técnica e visual o lance a uma nova etapa. À sua linha do tempo, que começa com o lançamento, em 1981, tem a primeira reestilização acompanhada de novos motores em 1987, novo retoque visual em 1991, aposentadoria em 1996, ressuscitação em 2008 e mais de um milhão de unidades vendidas, já se pode incluir a placa preta – o maior troféu para um carro de coleção.
O fotógrafo e comerciante Camilo Fontana, de Curitiba, conseguiu o reconhecimento para o modelo LS 1981 na cor Verde-Álamo. Ele diz que gosta mesmo é de carros simples, e não tanto de superesportivos e carros de luxo. “O Voyage fez parte da vida de muitas famílias, levou muita gente para passear. Todos conhecem Cadillacs por causa de filmes, músicas e fotos, mas um carro simples assim as pessoas viram nas ruas, fazendo parte da vida mesmo, não dos sonhos”, explica o colecionador.
Prova do gosto de Fontana por carros mais acessíveis é a sua frota de antigos, composta por outros representantes da indústria nacional: Ford Corcel II e os Volkswagen, Parati e Saveiro – os dois últimos da família Gol, mostrando que o colecionador tem mesmo uma paixão pela linha. Até na hora de escolher um importado Fontana preferiu um exemplar simples, como o russo Lada Laika. Apenas o Voyage, no entanto, em placa preta – à Parati, conta Fontana, só falta idade.
1º Encontro
Chegar ao Voyage não demorou muito. Dono de uma Parati restaurada com as próprias mãos, Fontana queria aumentar sua família de carros da linha Gol, que tem linhas “simples e marcantes”, na sua opinião. O desejo pela primeira geração desses modelos era tanto que Fontana ia fotografando os diversos exemplares que encontrava pela rua, até que em um dia de março de 2010, pelo retrovisor do seu carro, encontrou o modelo das fotos.
“Comprei do 2º dono. O cara gostava do carro, quase chorou quando fui buscá-lo. Como ele mora perto de casa, às vezes passo lá para dar um oi”, se solidariza Fontana.
99,5% de originalidade
Com o carro em mãos, o colecionador se apressou em tirar a tão desejada placa preta. Engana-se, no entanto, que foi preciso restaurá-lo para conquistar a certificação. “O carro não foi restaurado. Nada. Nem interior, mecânica, lataria, bancos...só recebeu um polimento e uma boa limpeza”, explica.
Atualmente, o Voyage está com 76 mil km rodados e tem muitas peças de desgaste natural originais ainda , segundo o proprietário. Juntas de tampa cabeçote, cabos de vela, distribuidor, vidros, rodas e até um estepe sem uso. Assim, não foi difícil conquistar a placa preta: dos 80% de originalidade mínimos para ganhar a nova identificação, o Voyage de Camilo obteve 99,5%. O meio ponto porcentual? “Ele tem apenas uma bateria selada, enquanto na época eram baterias com manutenção. Isso me tirou o 0,5% que falta para os 100% de originalidade”, se orgulha Fontana. Em relação à conservação, o sedã atingiu 96,5%.
Coroação de um projeto pessoal, o Voyage de Fontana já conquistou seu primeiro prêmio dentro do antigomobilismo. No último dia 22, durante o encontro de carros antigos de Antonina (PR), o sedã foi eleito o melhor automóvel dos anos 80.
Aprecie com moderação
O uso do Voyage, no entanto, é restrito. Fontana prefere não correr riscos com possíveis acidentes ou furtos, que segundo ele têm aumentado em Curitiba. “Seria falta de respeito com o carro arriscar tanto assim’, filosofa o dono do sedã. Mas, quando coloca o carro para rodar – aos finais de semana ou para participar de encontros de carros antigos –, vê sua dedicação recompensada: “São impressionantes o torque e o silêncio do carro. É mais fácil escutar o rolamento dos pneus do que o motor funcionando a 80 km/h. Gosto também da leveza da direção e os engates do câmbio”.
Apesar das viagens e novas amizades conquistadas ao lado do Voyage, Fontana não descarta a possibilidade de vendê-lo, “dependendo da proposta”. E aos interessados em ingressar na aventura do antigomobilismo, ele deixa um recado: “Para ser colecionador não precisa nem ter carro. Ter o espírito de colecionar, preservar e historiar, pesquisando e divulgando informações sobre os modelos, já ajuda na preservação dos carros”.
O Voyage de Camilo é considerado o primeiro a conquistar placa preta. Mas não há como ter certeza: a falta de um órgão centralizador que reúna todos os certificados impede que se tenha registro de todos os veículos com placa preta no país. Segundo a Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), há o pedido de um C.O. para um Voyage LS 1982, do Rio de Janeiro.
Fonte>
Auto Esporte
http://g1.globo.com/carros/noticia/2012/08/com-30-anos-de-historia-vw-voyage-vira-carro-de-colecao.html
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